Fala-se muito de autoestima, de amor próprio e da importância que tem na nossa forma de ser e aceitar a vida. Mas o que é isso de autoestima? Será que tenho autoestima ou finjo ter? Ter muita autoestima é bom?
Autoestima, de forma simples, é o amor que tenho a mim mesmo, a forma como me sinto comigo mesmo e como avalio os meus atributos e habilidades.
Nós não nascemos com autoestima é algo que vamos desenvolvendo, ao longo do tempo, mas é na infância que se constroem as suas bases. Contudo, mesmo que alguém não tenha adquirido boa autoestima na infância, pode fortalecê-la ao longo da vida. Mas sem dúvida, que a base da sua construção, é na infância.
Não nascemos com uma imagem construída de nós, nem temos capacidade para criar essa imagem antes dos 7/8 anos, pois o pensamento até essa idade é muito egocêntrico e ingénuo. Portanto, são as experiências, da nossa infância, o que vivemos e o que nos dizem, que vão formar a imagem que temos de nós mesmos.
Como referi, anteriormente, a infância é a fase chave onde se constrói a autoestima e são as primeiras vivências da nossa vida, com as pessoas que nos são significativas que têm esse impacto em nós. Se essas pessoas de referência para nós nos dão incentivo, dizem-nos palavras positivas de nós mesmos, elogiam-nos, acreditam em nós e sentimos essa confiança, então nós vamos formar uma imagem de nós confiante e digna de ser amada. Esta imagem positiva da pessoa, vai refletir-se em todas as áreas da sua vida e, portanto, será bem-sucedida na escola, depois no trabalho, mas, da mesma forma, a nível social.
Uma pessoa com uma boa autoestima tem noção do que vale, do que é, das suas qualidades e sabe gerir os seus defeitos a seu favor, por isso, é uma pessoa alegre, confiante e contagia os que estão ao seu redor, com essa positividade, dinamismo, flexibilidade e empatia.
Pelo contrário, se as pessoas significativas para nós nos desmotivam, criticam, não confiam nas nossas capacidades, da mesma forma nós duvidamos de nós mesmos, temos muito medo de errar e evitamos situações desconhecidas. Logo, enquanto crianças, não nos empenhamos nos estudos, pois sabemos que vamos fracassar, tememos situações de exposição social, com medo de sermos ridicularizados.
Uma pessoa com baixa autoestima tenderá a contentar-se com pouco, pois sente que não é merecedora de mais. Neste sentido, vemos pessoas a aceitarem trabalhos que não as realizam, que exigem delas, acabam por se envolver amorosamente com pessoas que não as valorizam, pois evitam situações de conflito, acabam por se calar e deixam que “abusem” delas.
Como vemos, a autoestima é fulcral na nossa vida, pois leva-nos a construir uma imagem boa ou má de nós e isso faz com que tomemos determinadas decisões e corresponde a comportamentos mais ou menos proativos, dinâmicos, alegres, motivacionais.
Por vezes, para colmatar a baixa autoestima, algumas pessoas, engrandecem-se imenso, poderíamos chamar uma autoestima defensiva, “onde a pessoa relata sentimentos positivos de auto-valorização, embora interiormente, experimente sentimentos negativos.[1]” São aquelas pessoas que se engrandecem, dizem que são muito bons nisto ou naquilo, contam os seus feitos, não param de falar nas suas conquistas e até as conquistas dos filhos, para se mostrarem pais assertivos e competentes, também. É aquele tipo de pessoa que cansa ouvir, pois tudo faz bem, tudo sabe, em tudo é bom. Estas atitudes não passam de uma tentativa de valorização pessoal, pois no fundo o sentimento de inutilidade, de fracasso e insegurança é muito grande. Uma pessoa arrogante, ou até “dona do seu nariz”, é insegura interiormente e tenta colmatar essa insegurança mostrando-se muito forte e segura de si, portanto tem uma autoestima, aparentemente, elevada.
Uma autoestima elevada pode levar a perturbações da personalidade, como o narcisismo. As pessoas com perturbação narcísica da personalidade vêem-se como superiores, especiais e únicos e esperam ser reconhecidos e tratados como tal.
E eu, será que tenho uma boa autoestima? Conheço-me ao ponto de ter segurança em mim, de me amar como sou? Será que tenho uma imagem demasiado grandiosa de mim e espero ser amado e servido pelos outros?
Marta Faustino
[1] Kernis, M. (2003). Optimal self-esteem and authenticity: Separating fantasy from reality, Psychological Inquiry, 14(1): 83-89
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