Quem não quer ser feliz? Todos desejamos alcançar a felicidade. Mas o que é a felicidade e como chegar lá?
Viktor Frankl, psiquiatra e pai da Logoterapia, refere que o sentido da vida passa pela realização pessoal e que é, exatamente, a tensão entre aquilo sou e o que anseio ser, que me dá sentido, ânimo, impulso para avançar no caminho, alegre, da esperança.
Para chegar à realização pessoal é necessário, primeiramente, um caminho de autoconhecimento, pois preciso descobrir-me, conhecer a minha personalidade, pontos fortes e fracos, sonhos, metas, potenciais e aceitar-me como sou. Posteriormente, preciso ter um projeto de vida, isto é, saber para onde caminho, o que pretendo alcançar. (Para explorar mais o autoconhecimento pode rever os artigos que já escrevi sobre o tema aqui).
A felicidade contém em si a esperança, portanto, eu anseio, espero, desejo alcançar algo e isso já me entusiasma, pois, ao viver essa “ilusão”, antecipação do que pretendo alcançar, já saboreio e desfruto dessa vivência.
Entretanto, na construção do projeto de vida, podemos cair no erro de desejar muitas metas, mas será que queremos alguma delas? Como vimos num artigo anterior existe uma distinção importante entre desejar e querer. O desejo situa-se na área emocional, eu posso desejar algo, mas é só isso. O querer já implica uma ação, uma vontade de algo e contém uma luta, persistente, por uma meta.
Já o autoconhecimento, vai ajudar-me a estar atento a mim mesmo e a perceber o que necessito modificar para conseguir elaborar um projeto de vida coerente com a minha identidade. Neste sentido, será que sou uma pessoa que dispersa facilmente, isto é, quero tudo e concretizar tudo e com isso não existe profundidade no que faço e acabo por não conseguir realizar nada? Ou será que não sei dizer “Não”, aceito todos os desafios que me pedem e no final sinto-me um fracasso, pois penso que não estou à altura do que prometi?
Enrique Rojas[1] refere que são necessárias três condições para executar esse projeto: ordem, constância e vontade:
1) Ordem: no sentido das prioridades, necessito clarificar as minhas prioridades, o que realmente importa, o que é mais urgente, para não me dispersar, não ficar angustiada, ansiosa com o que virá. A ordem carrega a serenidade.
2) Constância: tem que ver com perseverança, isto é, manter-me no caminho, mesmo com tropeços, percalços, mas não desistir e, desta forma, alcançamos a solidez, a firmeza dos nossos passos. Só há um caminho, que é avançar no nosso projeto pessoal.
3) A vontade: é o construto mais importante para a realização de algo. A vontade não é um sentimento, mas uma ação que se vai educando, treinando, pois nem sempre alcançamos o que queremos, mas a vontade mantém-nos persistentes e constantes no caminho. Claro, que ela requer a negação do imediato, pois só conseguimos abdicar de algo, tendo em vista o que está para vir lá na frente.
Como diz Rojas “O homem com vontade pode chegar mais longe que o homem inteligente porque é dono de si mesmo”. Portanto, quem tem vontade é verdadeiramente livre, pois sabe o que quer e faz as suas escolhas em função da sua decisão.
Concluindo, esta é uma pequena parte da “fórmula da felicidade”, autoconhecimento, elaboração de um projeto de vida tendo em conta três características essenciais, a constância, a ordem e a vontade, para ser verdadeiramente livre e viver a felicidade de saborear cada pequeno passo e pequena meta alcançada. Mãos à obra.
[1] Rojas, E. (2018). A vida não se improvisa. Matéria-prima: Lisboa.
Marta Faustino
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