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“Não saio de casa na época do Natal!”

Foto do escritor: Marta FaustinoMarta Faustino

Dezembro é um mês tão bonito, de aconchego, encontros, de partilha e abraços. É o mês dos chocolates quentes e das filhoses, do bolo-rei e dos chás, das aldeias de Natal e das ruas iluminadas. É o mês da mesa cheia de sabores e amores, de partilhar saudades e conquistas, de nos enchermos de esperança e perdão.



Mas nem tudo são rosas e, para muitos, este é o mês da tristeza, das ausências, da saudade e desilusão, de memórias perdidas no tempo, de lágrimas esquecidas e ressequidas no rosto, de braços cansados de esperar, de corações despedaçados e amargurados.


Entretanto, muitas destas tristezas e sofrimentos podem ser vividos e digeridos, por nós, de maneiras diferentes. Algumas situações não estão, de todo, no nosso controlo e na nossa capacidade de mudança, como uma morte, uma doença incapacitante e, como tal, temos de trilhar um caminho de adaptação e aceitação. Mas muitas situações nós temos algum poder na alteração das mesmas. Como?


A nossa vida não é perfeita, não é a ideal, exige sacrifício, renuncias, também, algumas perdas, percalços e irritações. A diferença é a maneira como respondemos a tudo isso que nos toca. A forma como eu encaro essas situações menos positivas faz toda a diferença. Posso tentar resistir a isso e lutar contra essa situação, até fingir que ela não está lá e perco imensas forças com essa luta inglória. Ou muitas vezes desisto, sinto-me desfalecer e cedo a essa vontade, entrando no caminho da negatividade e da desesperança. Ou, ainda, não permito o perdão e vivo no ressentimento e rancor da situação, remoendo e revivendo cada detalhe, aumentado a raiva, e quem sabe, o ódio.


Tudo isto pode tirar-nos o sabor da vida e, mais neste mês, pode conduzir-nos a um fechamento em nós e, podemos cair no grande erro de nos afastarmos de tudo e de todos, não nos permitindo viver um valor, extremamente importante, na nossa vida, que é o valor vivencial.


Algumas pessoas recusam-se, mesmo, a sair na época do Natal, por sentirem que a sua vida está tão sem cor, sabor e luz, que não conseguem lidar com todo esse ambiente natalício, que lhes remete, exatamente, para o oposto.


A logoterapia diz-nos que perante a tríade trágica da nossa vida (dor, culpa e morte), que não podemos fugir dela, pois não controlamos isso na nossa vida, podemos utilizar a tríade de valores (criativos, vivenciais e atitudinais). Hoje quero falar dos valores vivenciais, tão importantes nesta época natalícia.


A vida significa partilha, desfrutar o momento que temos hoje, convívio, troca de experiências. Sem isto, nós não crescemos, não nos enriquecemos interiormente e a nossa vida deixa de ter sabor. Mas para isto, precisamos estar em contacto com os que nos cercam, precisamos sair do sofá, da zona de conforto e expormos as nossas fragilidades, medos e inseguranças.


Se para si, o Natal é uma época que queria apagar do tempo, porque não quer sair da sua zona de conforto, precisa rever bem a sua vida, que sentido tem, para onde caminha? Se para si, a noite de Natal é um suplicio, pois implica expor-se, esforçar um sorriso e fazer de conta que está tudo bem, precisa sair do seu mundo, da sua visão curta de si e da sua vida, sair do vitimismo! A vida tem muito mais, a vida tem surpresas, tem esperança e tem um amanhã que o espera! Mas precisa permitir-se viver!


Nesta época, atreva-se a sair à rua e sentir o vento friozinho no nariz; encantar-se com as luzes de natal; entrar num café e aquecer-se com chocolate quente, enquanto espreita a vida a acontecer, pela janela; marque um café com um amigo e desfrute da sua presença; vá ao jantar de natal da empresa e conheça os seus colegas numa outra perspetiva; vá à ceia de natal e saboreie o calor da família, da amizade, das partilhas e gargalhadas, ou vá só para observar como os sobrinhos cresceram, como as crianças são puras e divertidas, mas vá! Saia de casa! Saia da zona de conforto! Atreva-se a ser feliz na vivência do momento!

Um Santo Natal repleto de alegria e esperança.


Marta Faustino

Psicóloga Clínica

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