O amor é o tema mais falado, a palavra mais dita e pensada, mas nunca se gasta, pois nunca conseguimos descrevê-lo n
a totalidade, não temos palavras suficientes para o verbalizar tal e qual o sentimos.
E quando o sentimos por uma pessoa amada e tentamos descrevê-lo e, de repente, a vida muda e essa pessoa segue a sua vida sem nós ... então aquilo que sentimos e narrámos era mesmo amor? Era paixão? Era amizade? E se era amor, então, será que o voltarei a sentir?
E quando encontramos outra pessoa na nossa vida e voltamos a sentir amor e o descrevemos ... é o mesmo amor? E o outro amor, deixou de ser amor? Há vários tipos de amor?
Bem, penso que se Deus nos criou do Amor, com amor e para o amor, então, há várias formas de amar. Eu amo os meus pais, o meu esposo(a), filhos, os meus irmãos, os meus amigos, familiares, namorado(a), mas não é o mesmo sentimento e nem o descrevemos de igual forma e da mesma intensidade. Certo?
Aprofundando, e baseando-me nos escritos de Viktor Frankl (psiquiatra vienense, pai da Logoterapia) refleti que, o amor verdadeiro é a força que nos impulsiona a agir, mas mais que isso, que nos sustenta a alma, que nos eleva e transporta do sofrimento real, levando-nos para o aconchego desse sentimento que nos mantém a chama interior acesa e, como tal, nos mantém vivos. Ainda que, por vezes, presos somente a esse sentimento. Por isso é que em diversas adversidades da vida, o facto de termos alguém especial, mesmo que longe, mantém-nos fortes e cheios de esperança.
O amor é esse fio invisível, forte, corajoso, desbravador, impulsionador que nos faz ter atitudes impensáveis. Nos momentos de dor, quando uma mãe tem nos braços um filho doente e não sabe o que ele tem, ela não fica inerte! Ela agarra nele e vai onde tiver de ir, paga o que tiver de pagar, fala com quem tiver de falar. Porquê? Porque é mais desenrascada que outras? Porque sabe falar melhor? Porque é extrovertida? Não, simplesmente porque AMA.
O amor tem, igualmente, uma força, uma ligação espiritual, independentemente da ligação física da pessoa. Não é necessária a presença física, nem a certeza da sua condição de vida ou morte, pois o amor transcende essa condição. A chama continua, mesmo após essa limitação física, e o sentimento pode continuar a ser vivido dentro de nós mesmos.
Quando, por exemplo, morre um ente muito próximo e muito amado por nós, e a dor do momento passa, fica um sentimento bom, de saudade, mas de certeza de ser amado e de que se amou. Por isso, também, casais que vivem longe, separados até por oceanos, conseguem viver o seu amor, pois ele não é exigente,
o amor tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta" (1Cor 13,7).
A imagem que trazemos em nós da pessoa amada, o sorriso, o perfume, as palavras, conseguem, por vezes, fazer-se tão presentes em nós que nos enchem por dentro e nos fortalecem. Isto é amor. Com isto não estou a descurar a importância do contacto físico, mas a ressaltar que não é impossível o amor sobreviver a uma distância ... nem à morte. "Põe-me como selo sobre o teu coração, porque o amor é forte como a morte" (Ct 8,6).
Marta Faustino
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