A vida apresenta-se a nós cheia de incógnitas, pois o amanhã não o sabemos. Desta forma, surge em nós uma pequena ansiedade ante o que está para vir. Esta ansiedade é benigna, no sentido em que nos impulsiona a avançar e dá ânimo para descobrir o que está por vir. No entanto, por vezes, existem situações, de grande tensão ou sofrimento, que nos deixam amedrontados e temerosos com o amanhã. Aqui a ansiedade já é, digamos, maligna, pois causa angústia e pode levar-nos, no limite, a não querer viver o amanhã. Ora, a vida comporta estes dois cenários e cabe-nos responder da forma mais assertiva possível.
Para nos ajudar a orientar esta nossa reflexão uma pergunta urge: qual o sentido da minha vida? Isto é, o que me dá ânimo? O que me faz levantar da cama todos os dias, com um sorriso e dizer “Boa, mais um dia!”. O que me faz sentir feliz, realizada?
Ao responder a estas questões está a filtrar e a dar-se a conhecer, a si mesma, as suas prioridades. Volte atrás e responda, efetivamente, às perguntas, depois retome a sua leitura (se possível escreva as suas respostas). Qual foi a sua resposta? Trabalho, sucesso, metas, sonhos, família?
Muitos de nós vivem só para o trabalho e nem o colocam em questão. Vivem para ir trabalhar todos os dias, fazem as mesmas tarefas, diariamente, e esperam o ordenado no final do mês. Isto é viver para o dinheiro, pois nem sempre o trabalho o realiza, mas precisa do ordenado no final do mês e não se esforça para compreender ou encontrar um sentido no que faz. Viver para pagar contas é muito pouco. Por vezes precisamos tomar decisões ousadas, mas confiantes de que teremos melhor, outras precisamos encontrar um sentido no que fazemos? Mesmo que seja mal pago e não seja reconhecido, mas se é uma necessidade, então precisa dar a volta à questão: qual o sentido no que faço? Com o meu trabalho, estou ao serviço de outros? Então talvez seja um auxílio para os que me cercam, um apoio, um ajuda, um guia. Se o trabalho é mecânico e monótono, preciso pensar que faço parte de um todo, que no final resulta num serviço para outros. Não me custa colocar amor no que faço, sempre em vista do objetivo final do meu esforço. Desta forma, valorizo-me, encontro um sentido para o que faço e deixo de viver em função de um ordenado, mas vivo cada dia da minha vida e dou-lhe valor.
Outros vivem obcecados com o sucesso, com o crescimento dentro da empresa e só isso lhes dá sentido. Nunca estão satisfeitos com o que fazem, com o que ganham e querem sempre mais. Da mesma forma, não desfrutam do seu dia, perdem muitos pormenores da sua vida e deixam passar momentos potencialmente bons e felizes. Nada os satisfaz no aqui e agora.
Será que o sentido da minha vida são os meus sonhos, metas? Portanto, vivo em função do amanhã, logo, não desfruto da minha vida. Todos precisamos ter sonhos, esforçarmo-nos para os realizar e ansiarmos pela sua chegada. Contudo, não posso só viver do que eu gostaria de fazer, ter, ser e deixar de viver o hoje, deixar de ter sentido no que faço hoje, aqui e agora. Qual a finalidade da minha existência então? Preciso ter o equilíbrio entre o que tenho, sou faço e o que gostaria e anseio.
Por último, quero falar da família. Será que o sentido da minha vida passa por eles? Precisa passar.
Viver é partilhar momentos e não há momentos melhores e mais marcantes do que os que temos com a nossa família. Sobretudo quando se é casada e mãe, tem de se priorizar a família, ainda que tenha que sacrificar o trabalho, ou os sonhos, sucesso, mas a família precisa ser colocada em primeiro lugar (se eu não for a mãe dos meu filhos, que lhe transmite amor, segurança, sentido, amparo, guia, educação, quem será, quem o fará?). Se tomei a decisão de me casar e construir uma família, como posso abdicar do meu tempo precioso, para gastá-lo em horas extra no trabalho? Ou se o trabalho me cansa tanto ao ponto de não conseguir estar por inteira com os meus filhos, qual o sentido desse trabalho, dessa vida?
Desperte para o verdadeiro sentido da sua vida. Quais as suas prioridades, o que a faz feliz? O que necessita mudar, repensar?
Marta Faustino
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