Dezembro é um mês singular, marcado por luzes, decorações, ruas animadas, casas quentes, presentes e encontros familiares, as festas carregam expectativas de harmonia, amor e reencontros. As reuniões familiares, por vezes, reacendem conflitos antigos ou evidenciam diferenças de valores, refletindo a complexidade das relações humanas, repletas de histórias, emoções e traumas. Este cenário torna o mês num "amplificador emocional", trazendo à tona sentimentos que costumam ser ignorados ao longo do ano.
Para muitos, dezembro também significa solidão. A ausência de uma rede de apoio ou a distância da família intensifica esse sentimento, ainda mais quando confrontado com imagens idealizadas de “famílias perfeitas” presentes em publicidades, na TV e na internet. As dificuldades financeiras é outro desafio, a pressão para cumprir expectativas de consumo pode gerar frustrações, especialmente para famílias com recursos limitados.
Apesar dos desafios, dezembro oferece uma oportunidade para focar no que realmente importa. Aceitar que nenhuma família ou relação é perfeita ajuda a ajustar as expectativas e a encarar os relacionamentos com mais leveza. Estabelecer limites é fundamental, estar presente em todas as reuniões ou eventos não é obrigatório, e priorizar o próprio bem-estar emocional é um ato de autocuidado. Simplificar as celebrações permite reduzir pressões e cultivar momentos genuínos. Planear com antecedência, incluindo um orçamento realista e pausas para descanso, ajuda a equilibrar as exigências do período.
O mês, também, convida à reflexão e ao cuidado pessoal. Reservar momentos para escrever sobre objetivos futuros, retomar um hobby ou simplesmente descansar equilibra as exigências emocionais, desta época. A solidariedade é outra forma de tornar dezembro mais significativo. Doar roupas, preparar refeições para quem precisa ou participar de atividades de voluntariado são ações que fortalecem o sentido comunitário e a partilha.
Cultivar relações autênticas, respeitar os próprios limites emocionais e fortalecer as relações com base em diálogos empáticos e escuta ativa pode desarmar tensões e aproximar as pessoas. Estar presente em pequenos momentos e reconhecer a beleza nas coisas simples — como uma refeição em família, uma caminhada ou um gesto de carinho — são formas de transformar dezembro numa verdadeira celebração daquilo que importa, viver a natividade.
Que dezembro seja vivido com autenticidade, onde as trocas mais valiosas não sejam bens, mas gestos que aquecem o coração e fortalecem as Relações.
Brígida Ribeiro
Psicóloga Clinica
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