Todos ambicionamos a felicidade, viver sem constrangimentos, sem impedimentos para concretizar os nossos desejos, os nossos sonhos.
Ser feliz é o desejo mais ardente do nosso coração. Para isso tentamos investir o nosso esforço, as nossas decisões e defendemos a nossa liberdade com garra, pois pensamos que dela depende a nossa felicidade.
O Homem de hoje vive ansiando a liberdade total, pois pensa que fazendo o que lhe apetece, assim será feliz. Consequência deste pensamento são as deformações de conceitos, concepções, tradições, culturas, pois, segundo o Homem, tudo precisa de se (re)ajustar à liberdade que ele pretende viver.
Viktor Frankl, já no seu tempo, percebeu que a verdadeira felicidade não está ligada à ideia de “fazer o que me apetece”, nem à utopia de alcançar um estatuto, um bem, prazer, fama ou luxo! Mas refere que o homem é feliz quando encontra o sentido da sua vida., isto é, quando VIVE!
Em logoterapia existe uma máxima que é “Não se deve procurar a felicidade”, pois se a felicidade é o nosso objeto motivacional, ela passaria a ser o objeto da nossa atenção, acabando por se perder de vista a razão para ser feliz, logo, desviaria a pessoa da felicidade.
Segundo Frankl, a busca pela felicidade é uma autocontradição, pois quanto mais lutamos e procuramos a felicidade, menos a alcançamos, “uma consciência, realmente tranquila, nunca pode ser alcançada por um esforço direto por ela, mas, somente, por meio de uma ação visando ao bem de uma causa, de uma pessoa envolvida, ou por amor a Deus. Uma boa consciência é uma daquelas coisas que só podem ocorrer como um efeito colateral não intencional, e que se destrói quando é perseguida diretamente”[1].
Neste sentido, a logoterapia fala de um optimismo trágico. Mas o que é isto? Ser optimista é ter esperança, ver o lado bom e positivo de uma situação. Contudo, Frankl acrescenta o “trágico”, pois refere que precisamos conseguir retirar algo de bom mesmo quando a vida se apresenta num extremo muito difícil, de um grande sofrimento. É dizer sim à vida hoje e sempre! A vontade de sentido (outro conceito em logoterapia) é de sublime importância na vida da pessoa, pois redireciona-a para um ímpeto, uma força que a impulsiona a agir e que leva a pessoa a orientar-se para a realização de algo concreto. É durante essa realização que a pessoa pode encontrar a felicidade como um “subproduto”. Desta forma, o otimismo trágico é uma postura ativa, comprometida, empenhada, mesmo em circunstâncias limite.
Concluindo, “A vida, diz Frankl (1989), permanecerá dotada de sentido, mesmo se todas as tradições desaparecerem e mesmo se nenhum valor de aplicação geral se mantiver. Conclusivamente, o que o homem procura não é a felicidade em si, mas uma razão para ser feliz. É a vontade de sentido na práxis da existência humana. A felicidade não é um fim a ser alcançado, a felicidade é uma constante a ser vivida e para isto basta ter razões. Cada missão realizada, independente de seu resultado, poderá resultar em felicidade, depende de como cada indivíduo encara o fato[2]”.
Portanto, como tem vivido a sua vida: a procurar a felicidade ou a razão para ser feliz? Qual a sua missão? Qual a sua razão para ser feliz?
Marta Faustino
[1] Frankl, V. (2020). Psicoterapia e existencialismo: textos selecionados em logoterapia. Trad. Ivo Studart Pereira. São Paulo: É Realizações. [2] Matos, D. C. (2012). Felicidade e sentido da vida na sociedade de consumo. In Revista Logos & Existência: Revista da Associação Brasileira de Logoterapia e Análise Existencial (1), 72-78
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