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Foto do escritorMarta Faustino

Amor livre, total, fiel e fecundo (parte 1)


O casal é chamado a viver o amor na sua forma mais pura, mas igualmente, mais exigente.

Existem 4 características que o casal deve viver para que se chegue a esse amor sincero, puro e original (no sentido do que Deus pensou para nós). S. João Paulo II deixou-nos uma preciosidade, numas catequeses de quartas-feiras, que se chama "Teologia do corpo" e aí ele menciona estes 4 ingredientes que passo a explicar: o amor precisa ser livre, fiel, fecundo e total.

Para melhor explicar cada um dos ingredientes vamos dividir este texto, de forma a não se tornar massudo, e na próxima semana teremos a continuação.

Livre:

Amar é uma decisão e não um fruto do acaso, da sorte. Salvo raras exceções onde o casal é prometido um ao outro, ou obrigados a casar, eu decido amar alguém, como tal, eu decidi casar com o meu cônjuge. Portanto, eu, livremente, tomei a decisão de o amar.


Inicialmente, no namoro, eu escolhi-o, pois, determinadas características nele chamaram-me atenção, ele cativou-me com o seu olhar, a sua forma de ser, sorrir, falar, entre outras. Desde essa altura fui cultivando a semente do amor em mim.

No matrimónio eu preciso, continuar a regar esta semente do amor, mas igualmente, podar os seus ramos para colher os frutos saborosos que se tornam abundantes. Todavia em determinadas épocas, os frutos podem ser fracos ou inexistentes, até parece que secam, mas não podemos desistir de cuidar do nosso amor.

Existem momentos, onde olhamos para o nosso cônjuge e sentimos que ele está a ser um "peso" para nós, um fardo muito pesado e sinto-o como "a minha cruz". Nesses momentos, é essencial distinguir entre o que ele é e o que o pecado pode fazer dele, senão começo a sentir que a minha vida seria melhor sem ele e luto contra ele. A nossa luta nunca poderá ser contra o nosso cônjuge, mas contra o pecado. Ele pode estar a ser difícil de lidar, mas o culpado é o pecado que nos quer dividir. Precisamos ser astutos e pedir a Deus a graça de ver sempre o bem no outro. Preciso olhar para o meu cônjuge sempre com olhar de cuidado, ternura, amor, compreensão. Eu tenho liberdade para decidir amá-lo até ao fim ou não. É a liberdade interior de me doar e decidir-me por aquela pessoa. É desprender-me das minhas vontades, dos meus anseios, do meu ego, para viver um bem maior.

Fiel:

No matrimónio a fidelidade ao outro é muito mais do que, não o trair, ultrapassa essa ideia. É ser fiel ao amor que estão a construir, isto é, querer aprofundar o conhecimento do outro para respeitá-lo, amá-lo, apoiá-lo, ajudá-lo.


O matrimónio é uma construção contínua. Não chegamos prontos, no dia do casamento, para iniciar uma vida a dois. Porém, desde esse dia, passamos a ser uma só carne. Isso é um compromisso muito sério, muito profundo e muito belo.

Ser uma só carne é irmos conhecendo a nós mesmos e ao outro, perceber os nossos comportamentos/atitudes que magoam o outro e irmos ajustando. É querer fazer o outro sentir-se bem, feliz amado, desejado, cuidado e caminhar para uma complementaridade homem e mulher, com o intuito de se tornarem um. Perceberem que são mais fortes, conseguem ir mais longe quando se juntam, pois um não é melhor que o outro, mas os dois em sintonia vencem tempestades, furacões, montanhas, dragões.

A fidelidade é o comprometimento com o outro nesta bela caminhada até à essência do matrimónio.

Como é belo ver casais com 20, 30, 40 e mais anos de casados unidos, satisfeitos e felizes. Ao conhecermos a sua história vemos que foram as adversidades que, com Deus, os uniram mais, pois com Deus e unidos, somaram mais forças e conseguiram dar um sentido a tudo isso.

Ser fiel ao matrimónio é, igualmente, não escolher a solução, aparentemente, mais fácil que é o divórcio. Perante um desentendimento temos tendência para não querer explicar, confrontar, colocar no lugar do outro. Parece que se nos afastarmos tudo se resolve, como se o problema fosse só o outro na minha vida, que me impede de ser feliz. Claro que existem situações graves e de violência que a pessoa necessita, efetivamente, de uma separação, de um divórcio e, inclusive, de proteção.

As crises fazem parte de qualquer casal. É necessária sabedoria para saber lidar com elas, lutar, procurar apoio, orientação e lutar.

Pode ser que alguma característica no outro esteja a ser muito difícil de lidar, aguentar até; a forma como educa os filhos é outro grande motivo de rutura; mas pode ser que a pessoa tenha começado a olhar para outros homens ou mulheres, por se sentir desinteressado do seu cônjuge e, com isso, abriu uma grande brecha. Nestas situações, fica uma porta aberta para que um sentimento de paixão por outra pessoa desperte e isso acarreta sentimentos contraditórios muito grandes, de culpa, vergonha, insegurança e num escalar de acontecimentos a pessoa já não sabe o que é amor ou paixão e começa a questionar o seu matrimónio. Neste sentido, ser fiel ao outro é ser fiel ao amor que juntos pensaram, sonharam e constroem na complementaridade um do outro.

Marta Faustino

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