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Como é que a verdade me liberta?



O mundo quer à força recusar Deus e bani-Lo do mundo. Vivemos o maior ataque à nossa essência, mas a natureza não pode ser modificada, apenas, porque o homem quer. As leis da natureza existem, são visíveis, constatadas e inegáveis. O homem não pode negar a sua antropologia só porque não se identifica com ela.


Se permanecerdes na minha palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos e conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (Jo 8, 31-32). A verdade, somente ela nos pode libertar. Quem vive segundo as leis de Deus vive livre, ainda que preso fisicamente, mas nada pode aprisionar a nossa alma. É a verdade que nos faz andar livres, bem connosco mesmos, com a nossa consciência, faz-nos ter atitudes coerentes, ainda que, por vezes, difíceis de tomar, ajuda-nos a viver bem o sofrimento, este não deixa de ser doloroso, mas ganha um sentido, e toda a nossa vida se torna bela, pois descobrimos que vivemos para algo e que o nosso fim não é este terreno, temos mais, e teremos muito mais no Céu que nos espera, pois “Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam.” (1Cor 2,9).


Deus criou o Homem e a Mulher e criou-os para o amor. Esta é a nossa origem e a nossa vocação, não há outra verdade senão esta. E quando nos criou soprou o “sopro da vida” e o “homem foi feito alma vivente” (Gn 2,7). Aqui temos a base de todo o nosso ser: corpo, alma e espírito.


Santa Teresa de Jesus escreveu o livro “As moradas”, onde faz uma linda analogia do nosso interior a um castelo. Como se dentro de nós existissem sete moradas e vamos caminhando, interiormente, para junto do Rei (Deus), que habita na sétima morada. A muralha é o nosso corpo, ou mundo. Do lado de fora do castelo estão os inimigos, o demónio, as legiões e todo o inferno, estes, por vezes, entram nas primeiras moradas do castelo. Ela representa-os por répteis peçonhentos, cobras e víboras, e também por bestas e feras, que nos rondam, mordem, isto é, ela associa estes animais às dificuldades que nos cercam e nos dificultam o caminho até ao centro (Deus). Desta forma, o nosso caminhar nesse castelo não é linear, mas umas vezes avançamos outras recuamos, consoante a nossa conversão, luta. Ela associa essas dificuldades ao apego do coração a coisas desnecessárias; a falta de conhecimento de si mesmo (e de coerência nesse busca); o fechar-se em si mesmo; a falta de humildade, a vaidade e orgulho; a ganância, o apreço e apego ao dinheiro, posse, poder, prestigio, prazer; a não determinação para mudança de vida; a fé acomodada, a frieza ou secura da oração, os maus pensamentos. Portanto, todas estas coisas “do mundo” aprisionam a pessoas e não a deixam caminhar para o seu Rei.


Estes movimentos de avanço ou recuo no castelo são dinâmicos, isto é, quando a alma caminha em direção ao Centro tudo se ilumina e a luz de Deus invade todo o seu ser, mas o contrário também acontece, quando a alma recua as trevas invadem o seu caminho e o seu coração. Santa Teresa não nega o mundo corpóreo e o seu contacto com ele, isto é, a pessoa caminha neste castelo interior, mas não está fechada sobre si mesma. Na verdade, a pessoa tem de ter determinação para caminhar, mas não descura, nunca, a sedução e beleza do amor e perdão divino. É, portanto, um encontro com a nova pessoa que renasce em Deus. Deus habita em nós é uma verdade inegável, agora eu posso, ou não, corresponder ao Seu apelo.


Também nas sagradas escrituras encontramos estas afirmações: “Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim” (Gl 2, 20); “Acaso não sabeis que o corpo de vocês é santuário do Espírito Santo que habita em vocês, que lhes foi dado por Deus, e que vocês não são de vocês mesmos? (1Cor 6, 19); “Se alguém me ama obedecerá à minha palavra. Meu pai o amará, nós viremos a ele e faremos morada nele” (Jo 14,23). Deus habita realmente em nós, somos portadores do Seu Espírito. É muito séria esta verdade que o mundo quer ofuscar. Mas não se pode ofuscar Deus, a Sua Luz brilha e brilhará sempre.


Se Deus nos habita nós temos inclinação para o bem, para a verdade e o amor e não dá para negar isso. Neste sentido, ao vivermos o que o mundo nos quer vender e obrigar, acabamos sem sentido para a vida. Em algum momento, deparamos com situações para as quais não temos resposta, e sentimo-nos sós, vazios, perdemos o ânimo para viver, porque nos falta o essencial. É como andar num carro sem cuidar do motor, algum dia vai correr mal.


Marta Faustino

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